segunda-feira, 20 de abril de 2020

Tatuagens em tempos de Corona




Acredita-se que as tatuagens mais antigas de que se possui registo são de 3300 AC, e pertencem ao “Ötzi, o Homem do Gelo”, e são: uma cruz localizada na parte de trás do joelho esquerdo, seis linhas rectas com quinze centímetros acima dos rins e muitas linhas pequenas paralelas à zona lombar, pernas e seus tornozelos, o que leva os peritos da área a acreditar que se tratavam de tatuagens terapêuticas, provavelmente feitas como um tratamento de resposta à artrite. Também na China já se encontraram várias múmias tatuadas, que apesar de ainda não existir um consenso em relação à idade, podem muito bem pertencer ao fim do segundo milénio Antes de Cristo.

Desde sempre as tatuagens foram um hábito dos povos do mundo, embora não sejam idênticos em todos os meios. As tribos célticas, germânicas e centrais da Europa eram bastante tatuadas, de acordo com testemunhos da época. Eram supostamente tatuados com tons de azul escuro e cobre, e Júlio Cesár descreveu as tatuagens num livro seu de 54 AC. De acordo com o livro “Os Mitos Gregos” de Robert Graves, o acto de tatuar era comum entre certos grupos religiosos no antigo mundo Mediterrâneo, o que pode ter influenciado a proibição das tatuagens no Levítico. No entanto, durante a Antiguidade Clássica, as tatuagens eram somente comuns entre os escravos.

No norte da Índia e no Egipto, as tatuagens eram usadas como símbolos culturais dentro das muitas tribos. Na Índia, uma vertente popular de decoração corporal é a tatuagem de henna, que ainda é conhecida e praticada neste país, no Médio Oriente e no Norte de África.



Aqui a vossa cronista, sem um grande amor pelas agulhas, interessou-se por este modo, principalmente pelo facto do período de vida da tatuagem ser mínimo. Estas pinturas são feitas com o corante extraído da planta Lawsonia inermis, e também é usado para pintar o cabelo de castanho, apesar de, em média, ter a duração de uma semana. A henna retira-se a partir da casca e das folhas secas da planta e encontra-se nas regiões tropicais do Norte de África, Médio Oriente e Sul da Ásia, sendo também comercializada por indústrias de cosméticos, mas é necessário alguma precaução, pois são utilizados vários aditivos para escurecer o tom da henna que podem causar problemas de saúde.

De acordo com dermatologistas, os problemas ocorrem quando as pessoas banalizam a henna (visto ter uma origem vegetal) e misturam substâncias químicas ao corante, tudo em nome da beleza. A Parafenilenodiamina (PPD) é o químico mais misturado porque dá um tom negro à tatuagem e oferece um maior período de vida desta, e também uma maior resistência à água. No início, este químico era só misturado nas tintas capilares até 6%, o permitido por lei, mas já foram encontradas tintas que contém até 20% deste elemento, daí que aparecem pacientes com reacções de alergia às tatuagens de henna. Outros químicos que também são usados nas misturas são carmim, nitrato de prata, nitrato de crómio, só para mencionar alguns.

Para quem já usufruiu deste tipo de decoração corporal, atenção: a alergia à parafenilenodiamina pode só começar a manifestar-se na sua terceira ou quarta tatuagem, ou de três a doze dias depois da sessão. 
Os efeitos mais comuns são: 

uma ligeira comichão

a pele avermelhada


o aparecimento de bolhas na zona, que pode evoluir para cicatrizes e descoloração da pele. 


Nos casos mais graves, pode levar à hospitalização, sem mencionar as lesões cutâneas permanentes e reacções inflamatórias crónicas.

 Algumas destas pessoas podem ficar perpetuamente alérgicas a estes químicos, que também são encontrados em produtos do dia-a-dia, como em tintas para o cabelo, peças de vestuário, medicamentos, borrachas, e até mesmo calçado, fazendo com que o contacto com estes objectos dê origem a uma reacção alérgica, podendo tornar-se violenta, e uma segunda exposição pode ser pior, fazendo com que o eczema cutâneo se espalhe por todo o corpo.

Para o tratamento, o normalmente receitado é uma medicação à base de corticóide. E claro, fique longe desta moda de Verão. E foi assim que comecei esta crónica, a mencionar o Verão na freguesia em que habito, e os trajes menores que o acompanha, e esta moda vem atrás. As tatuagens de henna, porque são temporárias, tornam-se a grande alternativa a quem quer-se tatuar mas acha que não aguenta a dor da agulha. E se acha que não consegue mesmo tolerar uma sessão de mini-tortura (dependendo do local a ser tatuado), aqui vão alguns conselhos:

- Evite as tatuagens de henna com uma cor castanho escura e/ ou negra, pois nessas está garantido que químicos foram misturados; a cor original de henna pura é verde acastanho e avermelhado.
-Informe-se bem sobre a origem da henna. Faça perguntas ao seu tatuador, de onde foi obtida, quando, qual o país de origem, faça perguntas. Se quem o tatua não souber responder, pondere bem se quer prosseguir com a sessão. Valerá uma vida de alergia por uma semana a mostrar o tornozelo pintado?



É bom relembrar ao leitor que os efeitos alérgicos da henna são irreversíveis e duram toda a vida. Se, por fatalidade do acaso, fez uma tatuagem de henna recentemente, está a admirá-la, e acha que está vermelhinha, aqui vai uma maneira de a retirar:

-Coloque a área tatuada num banho de imersão com água morna ou quente. Se for numa área complicada de chegar (ou não lhe apetece enfiar-se no chuveiro), coloque uma toalha bem molhada por cima da tatuagem.

- Esfregue a zona tatuada com um algodão limpo, mas humedeça-o primeiro, para evitar a fricção. Faça-o com movimentos suaves e sem pressão.

- Dependendo do tipo de pele, limão e pasta de dentes podem ajudar a remover a tatuagem de henna

Acredita-se que o uso de creme hidratante e até de desmaquilhante pode ajudar a remover. (Eu ficava-me pelo banho, mas enfim).

E fica aqui só um pequeno retoque: apesar de se chamarem tatuagens de henna, elas não o são. O nome correcto é pinturas de henna, pois é isto que ocorre: são pinturas temporárias na superfície da pele. As tatuagens são permanentes, e são feitas com uma agulha que injecta a tinta por debaixo da pele. (Isto tudo porque eu gosto de chamar os bois pelos nomes.)



Agora, falemos a sério: onde tatuar? Qual o desenho? E tenho mesmo de estar constantemente a meter pomada? Vai doer muito? Estas questões (e provavelmente mais) já passaram pela mente que quem quer tatuar. Aqui vão alguns conselhos de quem trabalha na área:

- Peça para ver o certificado de esterilização do salão e o aparelho de esterilização (é como se fosse um panela de pressão usada para esterilizar instrumentos médicos). Claro que a presença do último não significa que os instrumentos sejam de facto, esterilizados

 – peça para ver o resultado do último teste de esporos (que não deve ter mais de dois meses). Existem (porque sempre os há) tatuadores que tentarão convencer os seus clientes que uma típica panela de pressão de cozinha é suficiente para esterilizar os instrumentos. Isto é absolutamente falso. Panelas de cozinha não atingem as elevadas temperaturas necessárias para eliminar bactérias.

- Confirme que o seu tatuador já levou a vacina contra a Hepatite B. Apesar se não ser uma prática imposta a nível global, já muitos tatuadores tomam a iniciativa de levar a vacina, para a sua própria protecção e a dos seus clientes. Peça para ver documentos do médico a confirmar que o tatuador está protegido, pois se ele afirma que já não se lembra, está provavelmente a mentir: a vacina contra a Hepatite B é um conjunto de três vacinas dadas num espaço de três meses.

-A água, tinta, pomada e outros itens não devem ser colocados no mesmo recipiente depois de terem sido usados num cliente. Mesmo que o tatuador acabe por não utilizar muito duma determinada tinta, a tinta que resta não deve ser devolvida ao recipiente original, pois a agulha tocou nela e a agulha possui vestígios de sangue. Tudo o que for usado em si deve ser colocado no lixo depois da sessão terminar. Existem também artistas que utilizam desodorizante para dar uma impressão mais escura à cópia da imagem que colocam na pele antes de começarem a tatuar. Este é um método eficaz mas o desodorizante nunca deve ser aplicado directamente na pele do cliente. Invés, deve ser esfregado num lenço, e o lenço colocado na pele, evitando o contacto directo com desodorizante (por norma roll-on).

- As agulhas esterilizadas devem ser retiradas do plástico protector em frente ao cliente, quando este já esta sentado na cadeira e o artista está pronto para começar. As agulhas que são novas e esterilizadas são brilhantes no seu aspecto, e deverá absolutamente recusá-las se estiverem manchadas com tinta, ou terem um aspecto acastanhado.

- No fim da sessão, todas as agulhas utilizadas devem ser colocadas num balde com o símbolo de lixo tóxico.



Para Pedro Vieira, artista residente do salão Banana Art Factory, a higiene é o mais importante.

 “Se as superfícies não estiverem limpas e esterilizadas, é óbvio que haverá contaminação cruzada, o que leva à infecção.” Mais, a moda das tatuagens caseiras, com encomendas de pistolas pela internet, também tem efeitos infelizes. Não tendo a experiência requerida neste campo de trabalho, uma tentativa caseira de tatuar pode acabar numa hospitalização: a tatuagem fica infectada, com pus, e para não dizer que fica mal feita, esteticamente um desastre. Estas tentativas de poupar dinheiro em algo que, não se deve ser forreta (pela sua própria saúde!). Para não mencionar que terá de depois sofrer o processo de remoção, e é, por testemunhos, bem doloroso. E no final de tudo, “a pessoa acaba por gastar o dobro ou o triplo do que se tivesse ido directamente a um salão de tatuagens. E às vezes nem dá para tapar a tatuagem original”. Deixo-vos com algumas dicas do Pedro, no caso de estarem a ponderar a decoração corporal:

- Dezoito anos. Se ainda não atingiram a idade adulta, esperem. Nenhum salão de tatuagens vos tatuará enquanto menores, portanto, aproveitem o tempo que falta e pesquisem imagens que vos agrade, informem-se sobre os prós e os contras.

-Pesquise quem o vai tatuar. Procure informar-se se na região onde mora, quais os salões de tatuagens, vá visitá-los um por um. Faça perguntas ao tatuador. Há quanto tempo tatua? Enfim. Pergunte tudo o que lhe vier à cabeça. Lembre-se que as perguntas estúpidas são as que você não pergunta.

-Certifique-se que o seu tatuador usa luvas enquanto trabalha no seu corpo.

-Não consuma álcool e/ ou substâncias ilícitas, por mais nervosismo que possa sentir. Tanto o álcool como as substâncias ilícitas aceleram o ritmo cardíaco, o que fará com que sangre mais ao fazer a tatuagem, o que o deixará mais nervoso. Está a ver como é um círculo vicioso?

- Siga religiosamente os conselhos que o seu tatuador lhe dá. É para o bem da tatuagem, e para o seu. Há que tratar constantemente a sua tatuagem durante o período de tempo indicado (por norma, quinze dias), com o creme anti-cicatrizante e um sabonete de PH neutro.

Para terminar a crónica em beleza, lembro-me do caso duma jovem que fez uma tatuagem na perna, e dois, três dias depois, lembrou-se de fazer a depilação naquela área. Resultado? A gilete rasgou e retirou um pedaço de pele, tatuada de fresco. Portanto … afastem as giletes e afins das zonas tatuadas. A beleza está de pausa. Mas mal este isolamento social terminar, adivinhem quem é que já tem tatuagens marcadas? :D



domingo, 20 de março de 2011

"Será chuva, será gente? Gente não é certamente, e a chuva não bate assim."


Porque hoje a garganta secou-me as entranhas, enquanto as lágrimas se misturaram com a chuva. Porque hoje foi mais um prego no meu caixão, e muitos mais chegarão.
Domingo triste, solitário. Desabituei-me de fins-de-semanas assim. Acostumei-me a passá-los acompanhada, mas agora que a companhia já não me quer, arranjou alguém melhor, há que engolir em seco e ir para a frente, avançar com a vida, como os amigos (a Língua Portuguesa é tão machista, não acham? Isto é tema para outro post)  me aconselham.
Mas, apelando a quem já sofreu partidas do destino, e logros amorosos... Porque será que os outros, aqueles que sempre nos quiseram bem, e zelaram por nós nos momentos mais escuros da paixão, porque será que não compreendem que "desistir" não pertence ao nosso vocabulário? Como é suposto fechar os olhos à pessoa que mais nos fez viver, ignorar memórias que, quando a noite chega e nos cobre de saudade, são os únicos motivos que temos para continuar?

Será falta de empatia, por parte dos outros, que os tornam imunes ao nosso martírio? Ou simplesmente, será que foram pessoas abençoadas pela vida e não trazem nas costas as chagas que lambemos em êxtase? 

Eu gostaria de o saber.
E porque as minhas palavras são do nada, deixo-vos com palavras intemporais: "There is no greater sorrow than to recall in misery the time in which we were happy." (Dante)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma Palavra Sobre Tudo!

Para que não haja limites, tudo pode ser dito, todas as opiniões, tudo!!! Uma palavra sobre tudo é um blog onde pretendo participar com a minha palavra em relação ao que me rodeia, estando disposta a aceitar também publicar artigos que me mandem... só quero que aqui o tabu deixe de ser tabu, cada diz tudo. Só não tolero faltas de respeito, linguagem menos apropriada, ou conteúdos que se aproximem dos extremos que desafiam qualquer senso comum.
Aquilo que eu escrever, só quero receber muitos comentários com a vossa opinião, seja a favor ou contra a minha!
Se estiverem interessados em publicar um artigo aqui, mandem-mo, junto com o nome ou pseudónimo que querem que assine o artigo, para benevideshelena@gmail.com .

Espero opiniões!